Magnífica reflexão sobre a intangibilidade do tempo.
Buscando o texto de Khalil Gibran na internet, encontrei traduções adaptadas e alteradas da obra autoral, poética e cheia de simbolismos. Adaptações que mudam o sentido das frases e, consequentemente, alteram a "alma" do poema, ferindo sua subjetividade e autenticidade. Decidi reescreve-lo aqui para possibilitar a oportunidade da leitura da tradução original.
O Tempo
E um astrônomo disse:
"Mestre, o que nos dizes do tempo?"
E ele respondeu:
"Desejaríeis medir o tempo, o ilimitado e imensurável.
Desejaríeis ajustar vossa conduta e até mesmo orientar o curso de vosso espírito de acordo com as horas e estações.
Do tempo, faríeis um córrego sobre cujas margens sentar-vos-íeis a mirá-lo.
Mas o que em vós escapa ao tempo sabe que a vida escapa ao tempo,
E sabe que o ontem é mera lembrança do hoje, e o amanhã, o sonho do hoje.
E que aquilo em vós que canta e contempla, ainda habita os confins do primeiro momento que espalhou os astros pelo espaço.
Quem dentre voz não sente que sua capacidade de amor é ilimitada?
E, contudo, quem não sente que esse mesmo amor ilimitado está circunscrito em seu próprio ser, e que ele não fica passeando de um pensamento amoroso para outro, nem de atos amorosos para outros?
E não o tempo tal qual o amor, indivisível e incontido?
Mas se vossos pensamentos precisam medir o tempo em estações, que cada uma dessas estações envolvam todas as outras,
E que o dia de hoje abrace o passado com nostalgia e o futuro com aspirações."
Fonte:
O profeta / Khalil Gibran; tradução Ricardo R. Silveira. - [Ed. especial]. - Rio de Janeiro : Nova Fronteira, 2011. (Saraiva de bolso)
Boa leitura!
Paz Amor e Arte!
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