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A ONÇA E O RAIO - uma lenda brasileira.


A Onça e o Raio, uma lenda do folclore brasileiro.

A ONÇA E O RAIO


Os índios taulipangs, habitantes do extremo norte do Brasil, contam a lenda a seguir.


Certa feita, a onça passeava pela mata quando encontrou o raio a fabricar um porrete. A onça não conhecia bem o raio, pois nunca tinha visto um em terra, muito menos a fabricar porretes, e por isso imaginou que se tratava de algum animal.




Então ela começou a pisar macio e, depois de dar a volta, sem ser vista,

pulou sobre o raio.

O raio, porém, escapou com um pulo veloz, sem sofrer nada.

A onça, desapontada, indagou:

– Quem é você?

– Sou o raio, não vê?

– Você é muito forte, não é?

– Está enganada, não sou nad


a forte.

Ao escutar isso, a onça inflou o peito e engrossou a voz.

– Pois eu sou o animal mais forte destas matas! Quando estou furiosa, não sobra nada inteiro!


Então, para demonstrar a sua força, a onça trepou numa árvore enorme e começou a devastar tudo, quebrando um por um dos galhos. Depois, desceu para o solo e começou a escavá-lo, atirando para cima tufos de relva e de terra até estar tudo revirado, como se um tatu doido tivesse passado por ali.

– Muito bem, que achou disso? –


disse a onça, arfante.

O raio escutou, mas não disse nada.

– Vamos, quero vê-lo fazer algo parecido! – desafiou a onça.

– Como poderia, se não tenho a sua força? – disse o raio, afinal.


Inflada ainda mais pela confissão


do raio, a onça entregou-se a nova

demonstração de força, revolvendo tudo outra vez até ter aberto uma clareira na parte da mata onde estavam.


Enquanto a onça sorria, esbaforida, o raio tomou o seu porrete e começou repentinamente a vibrá-lo no chão e por tudo ao redor, fazendo a onça quicar e rebolar pelo solo como um bicho de pano. Uma verdadeira tempestade, seguida de raios e ventania, tornou tudo ainda mais sério, a ponto de a onça achar


que o mundo se acabaria.


Quando a tempestade finalmente cessou, a onça mal encontrou forças para pôr-se novamente em pé e ir correndo esconder-se atrás de uma rocha. Mas o raio gostara da brincadeira e arremessou uma fagulha que fez a volta na rocha, acertando com precisão o rabo da onça. A onça deu o pulo mais alto de toda a sua vida, chamuscou a cabeça no cocar do Sol e desceu à Terra outra vez, fugindo a toda a velocidade.


O raio continuou a vibrar o seu porrete e a arremessar coriscos e fagulhas com tanta intensidade p


ara cima da pobre bichana que ela viu-se obrigada a procurar refúgio na toca de um tatu gigante.

Tudo em vão: o raio varejou a cova do tatu e acertou em cheio, outra vez,

os fundilhos da onça. Não


havia jeito: onde quer que a onça buscasse refúgio, ali a alcançava o braço longo do raio.


Ao mesmo tempo, começou a soprar um vento frio e a cair uma chuva

gelada, e como a onça já estava quase sem pelo algum, devido às queimaduras, pouco faltou para ela congelar-se.

– Depois do fogo, o frio! – gania ela, batendo os dentes, toda enrodilhada no solo.

Somente ao ver a rival arriada e completamente vencida foi que o raio se

deu por satisfeito.

– Muito bem, agora diga quem é o mais forte por aqui!

A onça tapou a cabeça pa


ra não ter de responder, enquanto o raio partia, a gargalhar.


E aqui está, segundo os taulipangs, a razão de as onças temerem tanto os temporais.




Fonte: As 100 melhores lendas do folclore brasileiro, A.S. Franchini.

"Tudo o que sei é que nada sei ".

Miriam Miranda Artista Visual, Arteterapeuta e Terapeuta Holística Multidimensional
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